Minhas noites com Zaratustra
Como a luz poderia exercer outra função que não a de iluminar?
É o mesmo que exigir que a água que se precipita de uma cachoeira
não vá de encontro ao rio.
Algumas coisas simplesmente são e não tente achar explicações para o que não precisa.
O homem julga pois precisa dar valor a existência. Avaliar é criar.
O próprio avaliar constitui o grande valor e a preciosidade das coisas avaliadas.
Somente há valor graças a avaliação, sem avaliação seria vazia a noz da existência.
Mudanças de valores é mudança dos criadores.
Sempre destrói aquele que deverá ser um criador.
Shiva representa bem este conceito.
Por que o homem não consegue amar ao próximo como a ti mesmo?
Porque subverteu o amor.
Confundiu dependência com o nobre sentimento e ao responsabilizar outrem por sua felicidade esquece de conhecer a ti mesmo.
Quem não se conhece profundamente não encontra motivos para se amar de forma simples e pura. É normal que o ego entre e confunda tudo, misture as impressões.
Amar a si mesmo é também suportar a solidão e encontrar aliados nos pensamentos
que nos afligem quando não temos outra alternativa a não ser nós mesmos.
Amar a si mesmo não é considerar-se superior a ninguém, mas pode ser a percepção
de que nossa alma conversa com o coração. O que para alguns pode parecer bobagem, ao
entender-se torna a fidelidade a teus sentimentos uma riqueza imensurável.
Quantos de mim fui capaz de entender, respeitar, ouvir e conhecer?
Se não sei quem sou ao certo, ainda que conviva comigo há 30 anos, preciso descobrir
uma razão que me livre do egoísmo central e me coloque diante desta essência.
Uma vez descoberto esse perfume. Uma vez descoberta a chance de me amar.
Se não for capaz de te conhecer e assumir tuas fraquezas e tuas virtudes.
Se não for capaz de administrar teu ego e tuas necessidades internas, provavelmente
não será capaz de entender os anseios, os defeitos, as limitações e as virtudes alheias.
Logo não poderá amar o próximo como a ti mesmo.
O amor antes de tudo é o conhecimento e a aceitação.
Ao idealizar o outro ou algo sem respeitar suas características primordiais, alimenta
a conta gotas pequenas doses de frustração em tua carne, até que nada mais valha a pena ser vivido.
Ao banalizar o coração e a vida conheces então a amargura e o desprezo por teus semelhantes.
A que veio para este planeta?
Minha vida sempre foi repleta de conflitos e talvez por isso consiga viver e me adaptar tão bem a um cotidiano tumultuado, intenso e conflituoso. Como um guerreiro ou um soldado, encontrei uma zona de conforto na batalha, na guerra e desenvolvi um olhar que me proporciona momentos de pura racionalidade e pragmatismo e outros completamente passionais. Minha busca é saber usar tais ferramentas e tirar bálsamos de harmonia.
Entendo a dificuldade que outros têm de abandonar suas zonas de conforto e partir para o fronte em busca de alguma transformação. Abrir mão do conhecido e do confortável é o primeiro passo para tentar uma mudança. Sem dúvida nenhuma que é uma escolha. Como tomar a pílula vermelha do Matrix e passar e ver um mundo cru e deserto de realidades. Mas uma vez apaixonado e entregue a este objetivo o espírito se fortalece, as cortinas começam a cair, um enjôo inicial pode fazer com que vomite milhares de mentiras que tomava como absolutas verdades e passado este estágio, o equilíbrio parece um pouco mais próximo, a alma passa a fluir pelos poros e para alguns, esse pode ser o verdadeiro sentido da vida.
Encontrei-me fazendo o que venho fazendo e nunca fui tão feliz e tão capaz de fazer alguém feliz. Talvez algum dia consiga transcender algumas barreiras às quais meu ego ainda esteja disfarçado de virtude e nesse dia, encontrarei a porta para escolher entre permanecer sendo um ser vil ou quiçá algo que me transporte para um lugar mágico e sereno onde as diferenças se complementam harmonicamente.
Assim aprendi algo com Zaratustra.
Admirável. Foi uma ótima leitura. Obrigada!
ResponderExcluirSó esta escrita valeu minha visita em seu blog.
ResponderExcluirVc escreveu de maneira leve e clara tudo a que eu acredito e busco.
O auto conhecimento.
Hj eu posso dizer que sei quem sou. Mas anahã concerteza, descobrirei algo mais a me acrescentar.
Esta busca me facina. De descobrir a cada dia que posso fazer algo mais, que posso acrescentar, nem que seja um sorriso.
Ficaria aqui o dia escrevendo..
Mas a estrela aqui é vc.
Um grande beijo..ja me aportei no seu cais.
Um beijo..com admiração e carinho..
Ma
Hum, belo depoimento! Grata por tê-lo compartilhado conosco... A busca de si mesmo é uma constante, isto é o viver! Felizes dos que se permitem, infelizes dos que fogem de si mesmos...
ResponderExcluirBj
Helô