terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu sou o seu risco ( Arrisque-se)

EU SOU O RISCO que voce corre
atravessando a avenida principal
… sem olhar ou se dar conta
de que atravessa fora do sinal
sem levar em conta ou olhar
para o tráfego que passa
sem contar com os carros
sem contar os carros
correndo pela rua como uma doida varrida
correndo na contra mão no meio da pista
correndo atrás para fugir da vida
correndo como corre um carro de corrida
que não para nos boxes para trocar pneus
correndo ate que a gasolina acabe em pane seca
a um palmo da linha de chegada…
EU SOU O RISCO que voce corre num carnavalde acabar fazendo amor embriagadacom um desconhecido na madrugada
sem camisinha sem pílula sem nada
só porque se sentiu excitada
descontrolada e carente
capaz de, de repente, alucinadamente
fazer amor com mais de um…
um na frente outro atrás
dois dentro e outro na mão
pedindo mais … mais …mais!
enquanto, de fora, vendo,
há mais três esperando a vez
e você fazendo o que nunca fez
porque só correndo riscos assim
acaba se lembrando de mim
EU SOU O RISCO que a cabeça de fósforo riscana lixa da caixa de onde saiupra por fogo num mundo que nunca existiu
acendendo um cigarro mata–rato
uma boca de fogão pra cozinhar feijão
o pavio da dinamite que vai mandar tudo pelos ares
como se fosse lava de vulcão
EU SOU O RISCO que você corre
de tomar um banho
de um traficante

um cara que nunca viu antes
numa esquina sinistra da cidade
onde ninguém te conhece como eu
onde você procura a chave de um cofre
um colar de pérolas, uma carta, um camafeu
ou tudo aquilo que escondendo de mim
você largou por aí e de você se perdeu
EU SOU O RISCO que pode te levar à morteou te dar a sorte de ganhar na loteria
apostando uma merreca num sorteio acumulado
ficando bilionária da noite para o dia
correndo o risco de ser sequestrada
bajulada por um bando de gentinha safada
adorada por pessoas frívolas que te acham simpática
cortejada por um bando de bichinhas tricoteiras
que querem te proteger das máquinas
máquinas de moer carne e ossos
máquinas de lavar calcinhas manchadas
EU SOU O RISCO de ser esse bilhete lotérico
que te enriqueceria
um bilhete que você acha que perdeu
não lembra em que bolso da calça enfiou
e corre o risco de começar a achar que
eu sou essa calça que você usou
a calça que contém o bilhete da sorte
a calça que eu tirei quando você me ganhou
a calça que escondia aquela calcina
a calça que, agora, está na máquina da morte
máquina de lavar memórias sujas
máquina de lavar calças usadas
e calcinhas úmidas…
EU SOU O RISCO que você corre de ser enganada
sendo feliz por um triz
ficando perdidamente apaixonada
pela pessoa errada
EU SOU O RISCO que se você não corrersua vida não vai valer nada
EU SOU O RISCO que você corre
quando as  pernas lhe faltam

sou como a última carta do baralho
o último dado a ser lançado
a peça do dominó que falta na mesa
a última vez que a roleta gira no cassino
a bala que falta no tambor do revólver
o dedo que está no gatilho
e roda a roleta russa
o tiro sai pela culatra
o destino, a carapuça…
EU SOU ESSE RISCOessa falta que nem falta faz
essa dor que não dói nem passa
essa sensação de perda
que a gente ganha quando a vida é derrotada
essa derrota que dá prêmios
pela morte, à revelia, conquistada
esse jogo sem fim
em que não se pode perder
nem uma única jogada
o risco fatal de se reconhecer um assassino
durante uma extraordinária gargalhada
EU SOU ESSE RISCO mecânico
o risco de rir da pessoa errada
na hora certa…
o risco que não lhe deixa alternativa
ou é tudo ou não será nada!
o risco que vai te levar pela mão
até onde não haverá mais chão
até onde o teto cai na tua cabeça
enquanto as paredes desabam
lá, onde o horizonte fica muito longe
onde não se vai à toa
e de onde não se volta nunca mais
EU SOU O TEU RISCO: me assume
e aceita a minha paz
vai  … arrisca: eu garanto que não há o que perder
mas não esqueça: se você ganhar alguma coisa, avise!para que eu me sensibilize
eu sou teu único risco:sou só teu!sem você eu não sou nada:  nada demais!
só um risco de grafite numa parede
um risco de giz num quadro negro
de uma escola demolida a cusparadas
um risco de vida
para quem não pode arriscar nada
gente que não vai nem pra frente nem pra trás…
gente paralisada pelo medo de arriscar a vida
gente para quem a vida não é nada demais…
vai: arrisca …. arrisca … arrisca…
eu sou a tua paz!
o teu risco de vida
o teu nunca mais
o risco do diamante no vidro
o risco de pegar Aids
o risco de ter um ataque cardíaco
o risco do bordado que não se borda mais
EU SOU O TEU RISCOaquilo que sem você nunca existirá
e que, com você, fará o possível
para que você se arrisque
e deseje da vida arriscada
mais … mais …mais!


Vitinho Andrade

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ah, meu amor desses tantos modos!

O meu amor é axé!
E assim, é canibal
O meu amor é popular brasileiro!
E por isso, eu te devoro
O meu amor é carnaval!
E meu coração explode na maior felicidade
O meu amor é rock!
E você me faz tão bem
O meu amor é romântico!
E como é grande o meu amor por você
O meu amor é engraçado!
Às vezes, hilário!
E eu como uma onda no mar
Ah, o meu amor...!
Tão cantado e tão falado...
Nunca explicado
Apenas deixo me consumir
E sou consumido, por profunda
Por profunda paixão que tenho...
Paixão por viver
Viver pensando em você
Ah... deixo sentir
Mesmo que sentido... às vezes me pego sorrindo ...
Quando lembro de você
Sinto em você...
Ah, o meu amor...!


Vitinho Andrade

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um pouco mais do seu veneno

Chegamos a um motel, você me diz que vai tomar um banho, eu asceno com a cabeça que sim, em seguida abro um vinho!

Tomo enquanto você se acaricia e lava toda sua vergonha e timidez em uma ducha que jorra uma água perrier!

Quando percebo que o barulho do chuveiro está desligado, foco meu olhar para a porta como se olhasse para o infinito e tentasse procurar o fim que nunca vai estar lá! Você sai linda deslumbrante vestida como uma camisola branca, uma camisola que se insinua, mas esconde o pecado que eu irei concerteza cometer, debaixo uma cinta liga com uma lingerie vermelha, uma calcinha bem pequena que mostra toda sutileza de uma princesa com a voracidade carnal do fogo que desejas.

Senta ao meu lado, pega da minha taça e sem pedir bebe do meu vinho, como bebesse a minha alma inteira!

Meu olhar continua fixo em seus olhos como se eu quizesse penetrar nos seus desejos e toda completude do seu ser!

Ela diz:

_Coloque um som para gente?

_Ei ainda atordoado pelo momento respondo:

_O que preferes? ( Com um olhar que tudo quero, mas ainda nao posso).

Ela se vira com aquele olhar quase me despindo e diz:

_Um Lounge, é bom!

Dito e feito!

Volto para seu lado, ela me diz!

_Você esta nervoso, ou eu que estou te deixando nervosa?

Nao respondo nada, apenas um sorriso, um sorriso que ela percebeu que me deixou sem graça!

Ela pega novamente a garrafa de vinho enche minha taça, eu pego a dela, ela logo fala!

_Não precisa! E bebe na garrafa mesmo!

Passado o quebra gelo, eu sem esperar me da um beijo e começa acariciar meu corpo, eu ainda meio sem jeito, ela me beija com uma lingua fosse a estrela a navegar pelo céu da minha boca, pega minha mão e coloca a mão sobre a sua bunda, eu acaricio, enquanto ela da uns baixos e leves susurros no meu ouvido, falando baixinho:

Você me quer?

Ela então vem me beijandodeslizando sua lingua para baixo. eu ja não estava mais em posse de mim!

Ela chega na altura de minha cintura e me empurra, meu corpo cae sobre a cama, ela debruça na cama, e começa a brir minha calça com um olhar de alguem que quer descobrir alguma coisa!

Logo tirada a calça, ela se depara com meu pau duro e latejando, ela apenas ve e bate uma punheta bem leve para mim, com sua mao, que nenhum nivea jamais ousou fazer!

Com sua boca molhadinha, ela chupa em um sentido que me deixa louco, e chupa e chupa echupa!

Passa a lingua na cabeçinha, ate eu nao aguentar mais!

Enquanto ela chupa, elafala:

_Que pau delicioso, como eu gosto de chupar!

Em um ato quase insano ela se levanta tira a camisola abaixa a calçinha e senta no meu pau!

_Quero cavalgar nesse pau! Diz ela!

Sobe e desce, desce e sobe, ela geme altopula forte!

Levanata e de bundinha para mim, pula no meu pau, diz querer leitinho!

Ela diz:

Da leitinho para sua putinha da! A essa altura toda sensualidade se esvaiu, e naquele momento era so prazer e instinto algo existencial, altamente explosivo como no Talibã!

Ela se levanta fica de 4 e pede quase que implorando:

_Mete esse pau gostoso na minha bunda vai, mete na sua putinha vai!

Eu eterno escravo do prazer, a essa altura, ja dominado por ela, atendi seu pedido!

Segurei em sua cintura e coloquei meu pau, ela dizia :

Vai mete gostoso, enfia tudo! Enquanto eu estocava meu pau dentro, ela rebolava e pedia mais!

_Isso que gostoso! Mete vai!

Quando tava gozando meio que surpreso, ela disse:

_Não goza, pois eu tenho uma surpresa para você!

Eu ainda meio espantado, mais com o te~sao a 1000, fiquei atento esperando ela dizer!

De 4 ela arrebitou mais a bundinha e disse, quero experimentar no cuzinho!

Eu fiquei espantado e ao mesmo tempo com mais vontade, ela continuou:

_Enfia esse pau no meu cuzinho gostoso!

Dito e feito, coloquei de vagarinho, ela gemia, e pedia mais vai, coloquei a cabecinha, ela disse:

Poe tudo que eu to gostando, vai enfia!

Coloquei tudo, ela disse:

Aiiiiiiiiiii!

Ta bom demais agora mete!

Segurei em seus longos cabelos, e meti forte, indo e vindo, indo e vindo! Quando gritei:

_Ai nao vou aguentar vou gozar!

Ela tirou o pau do seu cuzinho, abriu a boca!

Atendi seus gesto, e quase em uma teoria psicomotora, contrair os musculos, fechei os olhos e jorrei todo meu gozo em sua boca, ela lambeu, e disse:

Quentinho, bom demais!

Tomamos banho juntos, nos vestimos, tomamos mais um pouco de vinho, batemos um papo!

Depois que abrimos a porta do infinito, nos perdemos nele!





Vitinho Andrade

sábado, 5 de novembro de 2011

Ser poeta

A poesia não está no papel
está na vida
vista e sentida por olhos sensíveis
e corpos que se permitem ir além
por almas que ousam
interiores que gritam
Ser poeta um dia é fácil
Dificil é ser-lo sempre
fácil é amar
dificil é libertar a quem se ama
libertar as palavras que inflamam
mais dificil mesmo não é libertar
nem amar, criar, ousar
Dificil é ser
um ser contido no mundo
e conter o mundo dentro de si!


Vitinho Andrade

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

1 segundo antes da morte ainda é vida

Fui ao enterro. Não retornei à vida, fui ao enterro de mim mesmo. O leitor acharia muita graça no cortejo; a morte reduz os homens, todos carregando seus próprios cadáveres às costas. Aquele foi meu momento, momento derradeiro. Mas isto não é natural, nem grave; como querem os teóricos do fim. É acidente. A conservação do mundo depende da necessidade de ter o vazio ocupando o espaço da eternidade.



Todo o respeito que me faltou em vida me veio após o falecimento; na presença de meu corpo morto, luto circunstante, círios lúgubres e venerados, cantochão clarividente, orações fúnebres, duas velas enormes lançando a chama irônica da vida, esquife bem escolhido, féretro que sustentaram meus restos mortais quase podres, panos roxos que disfarçaram o cristão que não fui; réquiem do inferno, lágrimas e risinhos aos cantos, sepultamento em campo santo, suntuosa cova, catacumba, túmulo, tumba, sarcófago, jazigo, mausoléu – ah! O diabo que carregue! Por fim, dizeres pomposos gravados no epitáfio: Porra! Última morada.



Graças ao bom Deus conheço a morte. O estimado amigo e a minha tão querida amiga, a lerem este fluido de vida, não podem sentir o gosto sujo da morte. Não riam. Eu posso! Garanto que é amargo, mas não é de todo desagradável; tem gosto de café sem açúcar. Senti também, bem íntimo, o aroma da bajulação ao meu cadáver, em velório, em dia de finados, em dia de sol e chuva; e os desgraçados fazendo piadinhas a amenizar a dor... Dor? Dor! Já vi tanta revolta contra a morte. Pobre morte! O que tem ela a ver com o sofrimento dos homens? Não culpem a morte. Ela apenas cumpre o seu papel, de vir buscar a alma; como o coveiro cumpre o dele, de enterrar o morto até a última pá de terra; as mulheres também têm seu ofício, de chorar ao velório; assim como os homens, que têm por obrigação discursar sobre e sob o cadáver alheio.



- Que será de mim e de meus filhos, meu Deus? Esse filho da puta só me deixou indagações e umas porcarias de livros cheios de traças – foi este o lamento de minha querida viuvinha ao deparar-se com minha perda, doce e sensível entre a detestável mãe e o padre que não me deu a extrema-unção por falta de dinheiro. Ah, pro diabo, padre do caralho! E Mariana já se encontrava viúva antes de minha morte. Que a violência seja expota a todos que irão contra a moralidade atual!

Não se horrorize tanto, caros amigos. Mas conto tudo agora, a absoluta verdade, pois a morte desmancha a última máscara da vaidade. Caro amigo, fui o mais feio, monstruoso e horrendo cadáver; jamais desejado ser visto. Não tive forma nem figura humana. Conservaram-me coberto em vagabundo caixão de vime, lacrado; e no mesmo dia sepultaram-me, quase clandestinamente, pelo temor. Fui à cucuia. Lembra-se de como descrevi há pouco meu funeral? Como não?! Deixe de preguiça, meu amigo, que no além-mundo já há tédio infinito. Coragem! Torne aí umas poucas linhas e releia-o! O velório não teve a pompa que escrevi no começo do texto, nem vieram tantas visitas em dias santos ou domingos. E, no entanto, ao cerrar os olhos, um homem negro e mal vestido proferiu uma frase à minha podridão:



- Que Deus o receba entre os seus!



Nesta estação descobri a beleza, não a bondade, escondida; como a aranha que tece sua fria teia nos cantos do coração, e cria obra sublime! O homem preto disse ainda, desta feita bêbado, no dia de finados:



- A vida vale a pena!



Tal felicidade que senti ao saber que a vida vale a pena compensa todo o esforço que faço agora para escrever este texto enfadonho aqui do além-mundo. Digo-lhe, leitor, com autoridade de morto, morto de letra morta, que abra a janela; logo pela manhã o céu é azul e claro, e à noite é deslumbrante e estrelado. Venha à chuva lavar a alma, num turbilhão de angústias imersas, até que o sol lhe distraia, perigosamente. Devagar, iluminado, confuso, acidente demasiado existencial. Se a vida e a morte não são contrárias, mas são irmãs, aceito velejar à imortalidade. Que seja minha vida de morto! Deixo-me sorrir, sinto que a triste resignação quer dizer somente: há.



Aqui jaz um ALÉM –HOMEM

Psicografado dentro de mim!



Vitinho Andrade